Antônio Boaventura/Diário da Bola
Dois pesos e duas medidas! Esse foi o contexto da convocação dos atletas brasileiros pelo técnico Tite para a disputa da Copa América, que será realizada no Brasil a partir do próximo mês. Antes unanimidade nacional, agora o comandante da seleção Canarinho atravessa um momento de pura contestação, em especial, por suas decisões que passaram de coerentes para incoerentes com desculpas esfarrapadas.
Mas, a relação começou a ruir, principalmente com a blindagem excessiva sobre Neymar. Aliás, o camisa 10 e capitão da Seleção Brasileira pouco assumiu a função que lhe foi atribuída por Tite, já que sua liderança foi terceirizada para seus companheiros. Durante a Copa do Mundo da Rússia, realizada no ano anterior e vencida pela França, o menino “Ney” não correspondeu à expectativa esperada por conta de sua incontestável capacidade técnica.
Alguns podem alegar que seu talento não entrou em campo por conta do período de recuperação física por conta de uma lesão sofrida no pé direito, e que isso tenha contribuído diretamente em seu desempenho. Se não estava 100%, por que convoca-lo? Mais uma vez muito vão dizer que ele é o nome maior do futebol brasileiro na atualidade e não poderia deixá-lo de fora. Mas, a pergunta que fica: – Depender exclusivamente de um único atleta não é muito pouco para um futebol pentacampeão?
Tanto que a convocação da Seleção Brasileira mostrou que o futebol brasileiro está refém do camisa 10 do francês Paris San German. Mesmo depois de um ato de indisciplina após a derrota do PSG diante do Rennes, em partida válida pela Copa da França, no final do mês passado, o atacante teve como punição três partidas. Naquela ocasião, Neymar desferiu um soco em um torcedor do clube após a partida. E ganhou como prêmio a convocação para a competição internacional de seleções.
Tite entende que qualquer conversa com Neymar sobre o assunto precisa ser pessoalmente e não por qualquer outro meio de comunicação, incluindo o telefone. Fato lamentável para quem sempre se pautou pela coerência. Incoerente, fato raro em sua trajetória profissional, o comandante da Seleção Brasileira saiu pelas laterais, embolou o jogo no meio-campo e não conseguiu criar alternativas ofensivas para justificar sua tomada de decisão e melhorar a relação do escrete Canarinho com sua torcida.
O mesmo tratamento com Neymar não ocorreu com o atacante Douglas Costa, que defende a Juventus (ITA). Em meados de setembro do ano anterior, o atacante brasileiro disparou uma cusparada contra Federico Francesco, atleta do italiano Sassuolo, e pegou quatro jogos de suspensão e a ausência nas convocações da Seleção Brasileira. Tite também acrescentou que o descarte dele nas últimas convocações se deu pelas lesões que o atleta sofreu neste período. Justifica tampouco clara, que evidenciou os parâmetros nada convincentes para a convocação de Neymar, natural da cidade de Mogi das Cruzes.