Ameaça de reintegração no Primavera revela o drama e medo de 200 famílias

Ivanildo Porto

Ulysses Carvalho

A semana começou cheia de incertezas, medo e angústia para os moradores da Rua dos Estagiários e rua Xisto, no Jardim Primavera, que temem pela reintegração de posse que estaria marcada para esta quinta-feira, 25, após decisão judicial. A área ocupada pertence à Prefeitura de Guarulhos. As notificações para os moradores deixarem as casas tiveram início no último dia 17, segundo nota divulgada pela administração municipal, porém não confirma o prazo de oito dias para a reintegração.

“Somos mais de 200 famílias aqui. Eu moro nessa rua já tem mais de 30 anos. Depois de muitos anos, eles vêm com essa conversa de nos tirar de nossas casas”, afirmou uma moradora que preferiu não se identificar.

A reportagem esteve na manhã de segunda-feira, 22, na rua dos Estagiários, que não é asfaltada e também carece de iluminação. De acordo com o pintor Anderson de Jesus Santos, de 25 anos, que mora no bairro há 14 anos, funcionários da Prefeitura teriam comparecido ao local para contar o número de pessoas que vivem na área, e dois dias depois, veio à ordem de reintegração.

Sem lugar para onde ir caso ocorra a reintegração, muitos moradores estão angustiados e disseram que não estão conseguindo dormir, como ocorre com Alles Pereira da Silva, 34, que mora em um sobrado na rua dos Estagiários ao lado de mais seis pessoas. “No dia 18 eles trouxeram o ofício, o prazo está se esgotando, levamos nossa vida para construir, e não tenho outro lugar para ir. A gente trabalha e não consegue sobreviver com um salário de R$ 1.300 e pagando aluguel de R$ 700”, revelou.

Os moradores afirmaram não saber quem seria o dono do terreno e disseram que somente parte da rua dos Estagiários que irá sofrer a reintegração, já que as residências afetadas teriam sido numeradas pela prefeitura com tinta de cor vermelha. “Onde vão colocar os moradores onde?”, perguntou Santos.

Em nota, a Prefeitura de Guarulhos afirma que a ação é o resultado de um acordo em 2008 feito com o Ministério Público Estadual.

 

 

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