90% do efeito estufa em Campinas é gerado por combustíveis, transportes e resíduos

Luiz Granzotto

Da Redação

Os setores de geração de energia estacionária, transportes e resíduos são os responsáveis pela emissão de 90% de gases de efeito estufa (GEE) na Região Metropolitana de Campinas (RMC). Este é um dos resultados apurados pelo Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa e de Poluentes Atmosféricos da Região Metropolitana de Campinas, estudo conduzido pela Prefeitura de Campinas e que foi apresentado pelo prefeito Jonas Donizette (PSB) nesta sexta-feira, 10.

O inventário foi conduzido, em 2018, pela empresa Waycarbon com a participação do ICLEI (Governos Locais pela Sustentabilidade) e contou com o apoio das prefeituras dos outros 19 municípios da RMC. O trabalho foi pago pelo Fundo de Recuperação, Manutenção e Preservação do Meio Ambiente (Proamb) de Campinas, sob responsabilidade da Secretaria do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SVDS).

Resultados

A RMC emitiu, no ano base de 2016, um total de 11.218 milhões de toneladas de GEE, o que a caracteriza como uma região de perfil urbano.

De acordo com o estudo, o setor que mais emite é o de energia estacionária, ou seja, aquele que usa a queima de combustíveis fósseis para a geração de energia, com 42,7% das emissões totais na região. São exemplos deste segmento o consumo de energia elétrica e consumo de combustíveis em residências, comércios, instituições, indústrias e áreas rurais; produção de energia e abastecimento de rede; indústrias de geração de energia do polo petroquímico de Paulínia.

Em segundo lugar está o setor de transportes (terrestre, ferroviário e aéreo), com 41,7% das emissões e, em terceiro, o setor de resíduos (disposição final ou tratamento dos resíduos sólidos, incineração dos resíduos da saúde), com 9% das emissões. Esses setores somados são responsáveis por mais de 90% das emissões da RMC.

Municípios

De todos os gases de efeito estufa lançados na RMC no ano de 2016, o município de Paulínia (devido ao polo petroquímico) foi responsável pela emissão de 38,5%; e Campinas, de 23,2%, os maiores da região.

O estudo mostra, ainda, que em Campinas, 60% das emissões de poluentes têm a frota de veículos como fonte geradora. A cidade representa 42% da frota total da região metropolitana, com mais de 1,2 milhão de veículos.

Justificativa

As emissões dos gases de efeito estufa são responsáveis por intensificar o fenômeno da mudança do clima global, que pode ocasionar impactos relacionados à crise hídrica, perdas na agricultura, aumento de suscetibilidade a doenças tropicais e podem prejudicar a qualidade de vida da população.

Já os poluentes atmosféricos, quando encontrados em altas concentrações na atmosfera, podem desencadear problemas de saúde e causar impactos ao meio ambiente e na infraestrutura urbana.

Metas

Além do cálculo de emissões, o projeto também teve como objetivo engajar os agentes locais na construção de metas e planos de ação ao enfrentamento das mudanças climáticas.

Em termos do Plano de Ação, foi definida que a RMC deve reduzir suas emissões em 31,6% até 2060. Para a assessora técnica de Projetos do ICLEI América do Sul, Iris Coluna, deve-se elaborar uma política regional de enfrentamento à mudança do clima para atingir a meta traçada. 

“A mudança do clima é um dos maiores desafios dos nossos tempos. Temos que agir para não chegarmos a uma situação à qual não possamos mais nos adaptar”, disse a gerente de Relações Institucionais, Comunicação e Estratégia do ICLEI América do Sul, Bruna Cerqueira.

Segundo especialistas, entre as maneiras de reduzir as emissões dos gases de efeito estufa estão diminuir o desmatamento, investir no reflorestamento e na conservação de áreas naturais, incentivar o uso de energias renováveis não convencionais, reduzir o consumo de energia, primar pela eficiência energética, praticar a política dos 3r’s (reduzir, reaproveitar e reciclar materiais), empregar tecnologias de baixo carbono, melhorar o transporte público com baixa emissão de gases de efeito estufa.

Para conferir o Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa e de Poluentes Atmosféricos da Região Metropolitana de Campinas, clique aqui.

 

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