Modelo morto em desfile da São Paulo Fashion Week faria trabalho internacional

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Agência Estado

O modelo Tales Cotta, que morreu depois de passar mal durante desfile da São Paulo Fashion Week, preparava uma viagem surpresa à casa da mãe, Heloísa Cotta, em Manhuaçu, onde nasceu, para anunciar que faria um trabalho em Milão, na Itália. “Fiquei sabendo pelas minhas filhas”, conta Heloísa. A viagem a Manhuaçu, que fica na Zona da Mata, em Minas Gerais, aconteceria no Dia das Mães.

Seria o primeiro trabalho internacional de Tales. O modelo, de 25 anos, morreu no sábado, 27, de causa ainda desconhecida. O mineiro desfilava para a marca Ocksa. Sofreu uma queda na passarela, foi levado ao pronto-socorro, mas não resistiu. A mãe acompanhava ao vivo o desfile do filho pela internet. “Eu o vi caindo. Aí cortaram a transmissão. Achei que era problema com a minha rede. Passei mensagem para minha filha, que mora no Rio de Janeiro, dizendo que alguma coisa estava errada”, relata dona Heloísa.

A preocupação ficou maior quando o filho não voltou para o fim da apresentação, quando todos os modelos voltaram para o encerramento. “Liguei para um amigo do Tales, que me falou que ele havia passado mal, e que seria levado para o hospital. Voltamos a falar logo depois e o amigo disse que estavam tentando reanimar o Tales. Em novo telefonema, me contou que meu filho havia morrido”. Segundo dona Heloísa, entre o desfile do filho e o anúncio da morte passou-se no máximo uma hora e meia, entre 17h30 e 19h.

A mãe afirma que, no momento do tombo do filho, sentiu que havia algum problema. “Conversei com o Tales antes do desfile. Ainda disse: cuidado com essas fitas (que estavam no calçado do modelo), pra não cair. Ele respondeu: ‘se eu cair, levanto e sigo o desfile'”, conta Heloísa.

A mãe do modelo afirma querer ver o laudo da autópsia feita no corpo de Tales. “A boca dele espumou depois da queda. Não vai trazê-lo de volta, mas, como mãe, preciso saber o que aconteceu”. Heloísa afirma que o filho não mexia com drogas e que se alimentou bem antes do desfile. “Tales me contou em conversa antes de subir à passarela que havia comido um bolo de cenoura inteiro junto com um amigo”, afirma a mãe.

Heloísa conta que o filho tinha uma vida regrada. Dormia cedo, bebia pouco e praticava exercícios. “Tales estava muito focado na posição dele”, diz. Espírita, a mãe se apoia na doutrina para lidar com a morte do filho. “Você sente falta, chora, mas temos que ter o entendimento que estamos aqui de passagem. Acredito na reencarnação. Tales também”. É o segundo filho de dona Heloísa a morrer. O outro, que era policial militar, faleceu em acidente de carro. Tales tinha ainda duas irmãs.

Big Brother

Formado em educação física no Espírito Santo, onde viveu até dois anos atrás, quando se mudou para São Paulo, Tales sempre pensou em ser modelo ou ator, lembra Heloísa. Chegou a fazer outros cursos antes da faculdade, como segurança no trabalho. “Sempre teve tendência forte para a passarela ou carreira artística, e mandou vídeos para tentar entrar no Big Brother”, diz a mãe.

O enterro do modelo aconteceu no final da tarde desta segunda-feira, 29, no Cemitério Municipal de Manhuaçu, com a presença de amigos, parentes e curiosos. Tales, conforme dona Heloísa, era muito querido. “Tinha amigos em todas as partes do Brasil”, diz. Tales trabalhava para a agência Base MGT. Era seu segundo ano na São Paulo Fashion Week.

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