O que se sabe sobre o incêndio na Catedral de Notre-Dame

Reprodução TV Globo

Agência Estado

O incêndio na Catedral de Notre-Dame, em Paris, ocorrido nesta segunda-feira, 13, destruiu parte de telhado e ardeu intensamente por mais de 12 horas. O fogo começou na parte superior do prédio. Rémy Heitz, procurador de Paris, afirmou que um primeiro alarme de incêndio foi disparado às 18h20 (13h20 em Brasília), mas não foram encontrados focos de chamas após as buscas.

O reitor da catedral, Monsenhor Patrick Chauvet, contou à emissora de rádio France Inter que o local contava com monitores de incêndio que checavam a parte inferior do telhado de madeira três vezes por dia. Notre-Dame é a catedral mais visitada do mundo.

Um segundo alarme foi disparado às 18h43 (13h43 em Brasília) e um foco de incêndio foi detectado na estrutura de madeira do telhado. Heitz disse que os investigadores trabalham com a hipótese de que se trata de um acidente.

Ninguém morreu, mas um bombeiro e dois policiais ficaram feridos. De acordo com testemunhas, as portas da catedral foram fechadas pouco após um último grupo de turistas tentar entrar no local. Minutos depois, era possível ver a fumaça saindo do topo da estrutura.

Vídeos divulgados na segunda-feira mostravam que o conjunto de andaimes ao redor da base da torre, parte de uma reforma que estava em andamento, foi um dos primeiros lugares visivelmente em chamas.

Cerca de 400 bombeiros foram enviados a Île de la Cité, região no coração de Paris, onde a Notre-Dame está localizada. Na noite de segunda-feira, o chefe dos bombeiros de Paris, Jean-Claude Gallet, afirmou que a estrutura da catedral no geral, incluindo as duas torres da frente, foi “salva e preservada” – o telhado foi destruído.

“O pior foi evitado, mesmo que a batalha não tenha sido vencida por completo”, disse o presidente francês, Emmanuel Macron, acrescentando que iniciaria uma campanha nacional de arrecadação de fundos para ajudar a reconstruir a catedral.

Torre

A torre de quase 90 metros, uma estrutura de madeira coberta de chumbo construída quando a catedral foi renovada no século 19, foi destruída. Após seu colapso parcial, as chamas consumiram grande parte do telhado onde ela ficava.

Parte do acervo da catedral pode ter sido salva em razão de reformas feitas recentemente. Na semana passada, 16 estátuas de cobre que representam os 12 apóstolos e quatro evangelistas foram removidas com um guindaste para que a torre pudesse ser restaurada.

Os bombeiros conseguiram salvar algumas obras que estavam no local, segundo Chauvet. “Várias coleções inestimáveis foram salvas e colocadas em segurança”, explicou o tenente-coronel José Vaz de Matos, um oficial que examina os monumentos nacionais da França. Ele afirmou que ainda havia diversas peças de arte grandes dentro da catedral. “Algumas delas foram prejudicadas pelo incêndio, mas podem ser restauradas”, avaliou. Contudo, as equipes ainda não puderam ser enviadas a esse local.

“Os arquitetos especializados estão mobilizados para garantir a segurança do local como um todo. É preciso ser muito cauteloso. Há três buracos importantes. Os arquitetos estão definindo com os bombeiros de Paris os melhores arranjos a serem tomados para preservar o que está mais ameaçado”, explicou o ministro da Cultura, Franck Riester.

As grandes pinturas de Notre-Dame devem ser transportadas na sexta-feira, 19, ao Museu do Louvre para restauração, informou Riester. “Elas poderão ser removidas na sexta e transportadas com segurança para o Louvre, onde serão desidratadas e restauradas”, disse.

Segundo Gallet, os bombeiros ainda tentavam resgatar obras de arte do prédio horas após o início do incêndio. O principal risco a elas era a fumaça de dentro da catedral e a queda de materiais, incluindo chumbo derretido.

Dúvidas

As causas do incêndio ainda são desconhecidas. A condição de muitas obras, de dentro da catedral e de parte de sua estrutura, permanece desconhecida. As chamas ameaçavam derreter três grandes vitrais do prédio e poderiam destruir ou danificar três órgãos e dezenas de pinturas e esculturas, algumas datadas do século 17.

Muitas partes da estrutura já estavam danificadas e precisavam de restauração. Gárgulas e balaustradas estavam quebradas e poderiam estar particularmente vulneráveis às chamas e à queda de detritos.

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